Em 2011, quando estava a cobrir o conflito na Líbia, o fotojornalista James Foley foi raptado pela primeira vez. Depois de ser libertado, deu uma entrevista ao Boston Globe em que explicava os motivos pelos quais ia para a guerra: “Acredito que o jornalismo da frente é importante. Sem esses vídeos, fotos e experiências em primeira mão, não se consegue contar ao mundo realmente o quão mau a guerra pode ser”.
Pouco tempo depois, o repórter freelancer voltou ao terreno. Desta vez a um local ainda mais perigoso: a Síria. Ao todo, já morreram 69 jornalistas desde que o conflito começou. Mais de 80 foram raptados. Entre duas e três dezenas estão ainda desaparecidos. Muitos, como Foley, são freelancers: jovens repórteres que se arriscam a ir para o terreno sem meios, rede de segurança ou um simples seguro de saúde. Tudo para contar uma história, muitas vezes mal paga. E estão em perigo.
Em Novembro de 2012, James Foley foi raptado no norte da Síria. O auto-intitulado Estado Islâmico do Iraque e do Levante (ISIL) ainda não existia. O jornalista terá andado de grupo em grupo até ir parar às mãos do ISIL na primavera do ano passado. A sua história e a de outros repórteres sequestrados foi contada neste artigo da Vanity Fair, em Maio. Ao contrário do que sucede com a maioria dos jornalistas raptados, a sua família tornou público o desaparecimento. O Global Post, jornal para o qual trabalhava contratou especialistas em sequestros e pagamentos de resgate. Sem sucesso. Ontem, a sua morte foi exibida num vídeo macabro posto a circular na internet. Tal como Daniel Pearl, em 2002, James Foley foi decapitado. Mostrado como um exemplo do que poderá acontecer a outros ocidentais sequestrados pela organização. No entanto, se para consumo interno a mensagem poderá funcionar, no resto do mundo esta imagem só pode causar repugna. E torna os membros do ISIL representantes da barbárie dos tempos modernos.
Pingback: A barbárie dos tempos modernos - PINN
Reblogged this on reblogador.