“O culpado da miséria no país não é só um, mas o principal, não é segredo, chama-se Zé Du.
Do comunismo ao conformismo, de marioneta a usur… pador de poderes, quem te menciona é morto ou vai para o zoo, zoo, zoo. (…)
És um pedaço de ferro, mano, frio e inanimado, o teu coração, se tens algum, bate do lado contrário. Anunciaste, né, que não voltavas a candidatar-te, né? Mas o posto deu-te saudades, né? Antes de saltares, né?
José Edu Murphi o nosso actor mais caro. Em vez do Nobel era pelo Óscar que devias ter implorado.
A nossas única esperança seriam os militares, mas são tudo bons rapazes, saudáveis amizades.
Devia medir melhor as palavras mas agora é tarde. O desespero fez com que me tornasse num Kamikaze (…)
Isto é a minha nota de suicídio aos meus pais, amo-vos muito, desculpem, mas não aguento mais. Cada dia que passa a minha vida perde importância, cada dia que passa morre um pedaço de esperança. Num país onde a palavra democracia é defraudada, onde a corrupção não se esconde, faz-se de cara deslavada. Onde no fim todos são cúmplices, portanto, toda a gente é ilibada e as vozes revoltadas são delicadamente eliminadas.
Falo porque mais vale morrer por causa justa. Fico fodido quando a Isabel não tem prisão com massa pública. A Tchizé quer informar, ah, faz-me rir de repulsa. A rainha passeia-se no avião da presidência da República. (…)
Falaste a verdade, estás no caixão. Falou verdade foi no caixão. Falo verdade vou no caisão. Que raio de democracia é essa?
Fala a verdade, estás no caixão. Falou verdade foi no caixão. Falámos verdade, no caixão. Que raio de democracia é essa?”
(Luaty Beirão, Kamicasio, 2012)
(Entre os 45s e os 4m45s)