Por ser uma tomada de posição importante quando se prepara a privatização da RTP, fica aqui, na íntegra, o comunicado emitido ontem pela Newshold:
“Na sequência da publicação de um vasto número de notícias, opiniões e comentários em diversos meios de comunicação social portugueses, nos quais a NEWSHOLD é visada em termos menos rigorosos e, nalguns casos, difamatórios, decidiu o Conselho de Administração da NEWSHOLD divulgar o presente comunicado, a fim de esclarecer definitivamente algumas situações, o que se faz nos termos subsequentes:
1. A NEWSHOLD é detentora do semanário SOL, há cerca de quatro anos, jornal este que tem sido continuamente elogiado por vários comentadores, nos locais onde se publica – Portugal, Angola e Moçambique – pelo seu jornalismo sério, rigoroso e independente. A estrutura accionista da NEWSHOLD é praticamente a mesma desde a sua fundação e tal nunca foi motivo de qualquer polémica.
2. Porém, ao longo dos últimos dias, a NEWSHOLD tem sido apontada em diversos órgãos de comunicação social como um grupo supostamente ‘misterioso’, de interesses alegadamente ‘obscuros’ e (ao que parece, não menos importante para certa imprensa e para alguns comentadores em Portugal) ‘angolano’. Nada mais falso.
3. Em primeiro lugar, se outras razões não houvesse, a simples circunstância de a NEWSHOLD ser detentora de uma participação social qualificada na COFINA – que, como se sabe, é uma sociedade cotada em Bolsa – tem como consequência necessária, imposta por força quer do Código dos Valores Mobiliários, quer dos diversos regulamentos da CMVM, nomeadamente o nº5/2008, a obrigação de que todos, sublinhe-se, todos os accionistas da NEWSHOLD estejam devidamente identificados, sendo público o acesso à sua identificação completa e rigorosa.
Ora,
4. Perante este facto, não é aceitável que uma parte substancial dos órgãos de comunicação social, jornalistas e comentadores em Portugal continue a caracterizar a NEWSHOLD como uma empresa ‘misteriosa’, sobre a qual pouco ou nada se sabe. A atitude profissional dos jornalistas e comentadores que insistem em falar da NEWSHOLD e dos seus accionistas desta forma deve ser corrigida, sendo apenas resultado de preguiça na busca de informação. Se a identificação completa dos accionistas da empresa foi entregue na CMVM, os meios de comunicação têm o dever de saber exactamente quem são os accionistas da NEWSHOLD.
5. Feito este primeiro esclarecimento, convém também desmontar uma segunda falsidade, decorrente da anterior, construída de forma mais ou menos sofisticada a partir da ocultação de uma parte relevante da verdade. Trata-se da imputação de que o capital da NEWSHOLD é proveniente de Angola e detido por angolanos. O presente esclarecimento não visa, nem pretende, pronunciar-se sobre os objectivos ou a mundividência dos que, à falta de melhor acusação, imputam a um grupo económico ou a um conjunto de empresários o facto de serem ‘angolanos’ ou de qualquer outra nacionalidade. Esses actos ficarão com quem os pratica.
No entanto,
6. Convém esclarecer que todos os accionistas da NEWSHOLD, não obstante terem nacionalidade angolana, são também cidadãos de nacionalidade portuguesa, possuindo dupla nacionalidade. Aliás, um deles até foi 62 vezes internacional português e 7 vezes campeão nacional sénior em diversas modalidades desportivas. À luz da Constituição da República Portuguesa, e da lei, este accionista da NEWSHOLD, como todos os outros, não será mais português do que os outros cidadãos, mas também não o é menos.
7. Estes cidadãos que, sendo orgulhosamente angolanos são também portugueses, são acusados da ‘ignomínia’ de terem obtido, fruto do seu trabalho e dos seus negócios, proveitos financeiros em Angola, que agora servem de suporte à sua actividade empresarial em Portugal. O que nenhum dos jornalistas ou comentadores que têm atentado contra a honorabilidade da NEWSHOLD e dos seus accionistas pode explicar é em que medida esses proveitos obtidos em Angola (que têm suportado a actividade da NEWSHOLD em Portugal) são diferentes dos proveitos obtidos igualmente em Angola que hoje suportam e financiam a actividade em Portugal de tantas empresas portuguesas de construção civil, de prestação de serviços, de exportação de bens e mercadorias, de seguros e da banca, cuja liquidez é actualmente assegurada essencialmente pela actividade que estas empresas desenvolvem em território angolano. Em que é que o capital da NEWSHOLD com origem em Angola é diferente do capital com origem em Angola que hoje permite em Portugal a sobrevivência de muitas empresas de tantas áreas e que está a auxiliar a recapitalização da banca?
Feitos os esclarecimentos,
8. A NEWSHOLD não ignora que há razões de fundo para a tentativa de liquidação da empresa e da honra dos seus accionistas, que se verifica em parte da comunicação social portuguesa. Um dos accionistas que, ao contrário do que é reiteradamente referido na imprensa, não é, nem nunca foi, Presidente da NEWSHOLD, sentiu bem recentemente na pele os resultados dessa tentativa, ao ser continuamente condenado nos media, apesar de sempre ilibado nos tribunais.
9. Não ignora a NEWSHOLD, designadamente, o incómodo que causa em certos sectores a emergência de um grupo de comunicação social que, sendo orgulhosamente angolano e português, é também, e sobretudo, absolutamente independente de diversos factores que têm condicionado – e condicionam cada vez mais – toda a envolvência do espaço mediático português.
10. INDEPENDÊNCIA, é esta a palavra-chave que tanto incómodo tem causado, o que ajuda a explicar os recentes acontecimentos:
i. A NEWSHOLD sabe que incomoda porque, ao contrário de muitos, é independente de tiques colonialistas, mas também de complexos coloniais. Não enferma, nem os seus accionistas, de saudosismo nem de subserviência. Não vive do preconceito colonial e não se verga ao complexo do colonizado.
ii. A NEWSHOLD está ciente de que incomoda porque, ao contrário de alguns, é independente da banca e da finança, possuindo liquidez financeira e capital mais do que suficientes para não se deixar governar a partir de interesses exógenos.
iii. Por fim, e porque absolutamente fundamental, a NEWSHOLD não tem dúvidas de que, ao contrário de muitos, o facto de não ter compromissos nem dívidas para com quaisquer ideologias, regimes ou financiadores externos lhe permite reunir condições únicas para ser completamente independente, com plenas condições para se concentrar única e exclusivamente na qualidade, no rigor e na liberdade de trabalho dos seus profissionais e dos títulos que detém, prosseguindo o objectivo único de servir o público e de ser referência no mercado da comunicação social em Portugal e em todo o mundo lusófono.
11. INDEPENDÊNCIA, é esta a palavra-chave que, pelos vistos, tantos receios causa, sobretudo a quem quer, pode e consegue controlar, ou a quem (porventura) já está controlado.
12.Sabemos perfeitamente que a dependência convém a muitos.
Concretizando,
13. A NEWSHOLD não ignora que, na origem da recente onda de notícias e opiniões difamatórias que têm sido publicadas, está a eventual privatização da RTP e a compreensível apreensão que a incerteza quanto ao destino da operadora pública de televisão em Portugal está a criar nos principais players do mercado da comunicação social portuguesa, os quais, muito naturalmente, sentem as suas posições ameaçadas pela perspectiva do alargamento da concorrência do mercado audiovisual.
14. A agitação dos últimos dias ocorre apesar de, até ao momento, a NEWSHOLD ter mantido sempre uma prudente e radical reserva quanto à sua disponibilidade para participar activamente em qualquer solução a adoptar perante a eventual privatização da RTP. Em face da incerteza quanto ao destino reservado pelo Governo português para a estação de televisão pública – aparentemente, com várias opções em cima da mesa, desde a privatização total até à privatização de uma participação minoritária, passando pela concessão – a NEWSHOLD optou, até à presente data, por manter a sua posição reservada para o momento em que haja um modelo de negócio aprovado. O resultado está à vista de todos: nem assim a NEWSHOLD escapou ao nervosismo do mercado nem à fúria persecutória de alguns dos seus actores.
15. É, pois, chegado o momento de a NEWSHOLD afirmar, para que não restem quaisquer dúvidas, que, na hipótese de a solução a definir pelo Governo português para a privatização ou concessão da RTP se revelar um negócio interessante para as partes, a NEWSHOLD tem disponibilidade e meios para, isoladamente ou em parceria, apresentar uma candidatura séria com vista a assegurar e garantir a implementação de um projecto verdadeiramente sólido e independente para a RTP, investindo em força no mercado audiovisual português, em cuja viabilidade acredita convicta e fundamentadamente, sentindo mesmo ser quem está nas melhores condições para manter vivo o projecto da RTP em todo o mundo lusófono.
16. Esta posição está definida e decidida pelos accionistas e assumida pelo Conselho de Administração da NEWSHOLD, e não será alterada por quaisquer afirmações de cariz xenófobo, nem tão pouco por processos de intenção ou teorias da conspiração que possam vir a ser formuladas com o objectivo de denegrir esta empresa ou a sua estrutura accionista.
Lisboa, aos 13 de Dezembro de 2012
O CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA NEWSHOLD
Sílvio Alves Madaleno (PCA)
Mário Ramires (CEO)”
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