É sempre difícil escrever a quente. Sobretudo porque é fácil tirar conclusões precipitadas.
O que sabemos até agora: um polícia turco, de 22 anos, assassinou o embaixador russo em Ankara, Andrey Karlov, na inauguração de uma exposição de arte. As imagens captadas pela televisão turca mostram o homicida a disparar vários tiros e a gritar em turco:
.@lrozen: Full translation of 44-second video of Turkish gunman who killed Russian ambassador. https://t.co/7f7ZGTjZZS pic.twitter.com/y0lWyllB2i
— Barın Kayaoğlu (@barinkayaoglu) 19 de dezembro de 2016
Pouco depois o atirador foi abatido pela polícia turca. A sua morte impedirá o esclarecimento de questões imediatas:
- Quais as suas reais motivações?
- Agiu em nome de alguma organização ou a título individual?
- Teve cúmplices?
- Houve alguma falha de segurança que lhe permitiu aproximar-se do embaixador russo, aparentemente, tão facilmente?
- Quais serão as consequências para as relações entre a Turquia e a Rússia?
Para já, a resposta honesta é, ninguém sabe. Tudo o que se possa dizer a partir de certo ponto são apenas especulações.
Sabe-se também algumas outras coisas:
- Há uma semana houve uma manifestação em frente ao consuldado russo em Istambul, em que foi pedida vingança devido aos bombardeamentos em Allepo.
#Turkey gov’t allowed outlawed radical terror group to hold protests before #Russia consulate in Istanbul just a week ago. pic.twitter.com/ygOXvHeH2M
— Abdullah Bozkurt (@abdbozkurt) 19 de dezembro de 2016
- O terrorista referiu-se a Allepo em termos semelhantes aos utilizados pela Jabhat al Nusra (actual Jabhat Fateh al-Sham), a filial da Al Qaeda na Síria.
- Até agora nenhum grupo terrorista reivindicou o ataque, pelo contrário, apoiantes do auto-proclamado Estado Islâmico no Telegram têm pedido moderação aos seus seguidores.
- Os presidentes da Turquia e da Rússia já falaram ao telefone.
- Apoiantes dos grupos jihadistas começaram a espalhar as moradas das embaixadas russas, nas redes sociais, numa tentativa de incitamento de novos ataques.
- Amanhã haverá em Moscovo uma cimeira entre Rússia, Turquia e Irão, sobre a situação na Síria. O encontro manteve-se, apesar do incidente.
Nos próximos dias haverá, certamente, novidades.
Uma última curiosidade: antes de o embaixador ser assassinado, Vladimir Putin dirigia-se para uma peça de Alexander Griboedov, o poeta, compositor e embaixador da Rússia, que foi assassinado em 1829 quando estava colocado no Irão.